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Tuesday, June 2, 2020

|Part 3| Carta ao Meu Primeiro Amor: Elos Psicológicos.

nota: perdoe os erros nesta tradução; não escrevo em português há muitos anos. 

Escrevi esse tributo sem imaginar que perderia uma pessoa muito querida, Renee French, atriz e enfermeira em um hospital em Manhattan. Gostava tanto de ser enfermeira que deixou pra tras uma carreira promissora como atriz. Trabalhou com Spike Lee e Jim Jarmusch's Coffee and Cigarettes e depois de ter tantas ofertas pra outros filmes decidiu se tornar enfermeira. Andávamos de madrugada sozinhos pelas ruas de New York e ela sorria e me dizia sarcasticamente: " Marco, veja como é bom ser famoso. Ninguém nos incomoda." Enquanto bebia seu nauseante café com gelo.




                                                        | November 28th, 1969 |



(Um tributo a todas médicas, enfermeiras e funcionárias)


PART 3
Estou sentado no quintal da minha avó, pensando: em você, Karla, minha mãe inexistente, meu avô, em mim mesmo. Tenho em mim todo o conhecimento do meu passado e de tanto futuro, que fico aqui tentando encontrar uma maneira de ajudar essa criança de 9 anos a entender que há muita vida pela frente. Entro na casa e olho para minha avó; ela está fervendo leite; Sinto o amor dentro de mim transbordando, saio na ponta dos pés e vou para a escola para vê-la...

No caminho da porta da frente, vejo meu avô, sentado ouvindo seu rádio. Rádio teatro, sobre uma mulher que é morta e volta do túmulo para levar a alma de alguém; é assustador. Observo meu avô sentado aqui, quieto, e me pergunto o que ele está pensando. Ele é como você, Karla, sempre distante, sempre pensando e comendo chocolate; não meu avô, você, meu avô come pimenta malagueta. Olhe que surpresa, uma outra memória.

Estou de pé agora na cozinha, maravilhado, do lado esquerdo da mesa, meu avô está sentado na cabeceira da mesa, do lado direito, e ele agora tem um prato na frente dele. Ele pega algo na mesa; Não vejo de onde ele as está tirando, mas posso vê-las com clareza; enormes, vermelhas e assustadoras. "Nunca coloque isso na sua boca", diz minha avó. Ele pega o garfo e esmaga toda as pimentas malagueta no prato, enquanto minha avó lhe serve feijão, feijão preto, que ele mistura na pimenta. Ele está comendo e suando. Estou aos pés dele assistindo, "O que você está fazendo aí, vovô?"

Agora estou na sala de estar. Eu acho que sei o que meu avô pensa o tempo todo: "Por que no mundo faço isso comigo mesmo? Porque eu como pimentas malaguetas?"Agora, só me falta saber o que você, Karla, pensa, sentada ali comendo o" chocolate redondo "que você trazia de Niterói.

Quando a morte está por perto, minha mente se atordoa. E salto no tempo.

Eu ando pelo Rio de Janeiro com uma garota que conheci em uma festa. Eu tenho cerca de 19 anos. Estamos conversando desde o momento em que nos conhecemos, e me sinto incrível. Ela gosta de Chico Buarque, ela ama Dante, ela, como eu, já leu Divina Comédia duas vezes, e passamos a noite inteira conversando sobre isso. Ela toca oboé. Eu canto para ela uma música que escrevi. É de madrugada e caminhamos ao longo da orla marítima do Rio de Janeiro.

Um ar frio sopra do oceano, conversamos sobre Quixote agora e rimos de suas insanidades. No começo da noite, contei a ela sobre minha mãe, como ela deu à luz a mim e ao meu irmão, e como todos os adultos em sua vida decidiram a colocar-la em uma instituição mental e foram viver suas vidas. Como as pessoas na pandemia, ela morreu naquele hospital muitos anos depois. Como que pra me torturar, uma vez por ano, eles me levavam ao hospital psiquiátrico para visitá-la, e a cada ano havia menos e menos de minha mãe e menos e menos dentro de mim mesmo. No caminho de volta, eu escutava em silêncio, eles se elogiando por terem tirado tempo das suas agendas lotadas para visitá-la.

Uma vez, quando eu tinha cerca de 20 anos, tive um colapso nervoso no caminho de volta, os vizinhos de meu pai me levaram para ver minha mãe. Eu estava suando, congelando, no meio do verão, e todas as janelas do carro estavam fechadas. Ar condicionado soprando ar frio. Eu não conseguia respirar. Depois que eles se reuniram com meu pai, foi decidido que eu estava tendo uma dificuldade psicológica em aceitar o fato de que estava ficando calvo. ( As mentiras que os adultos dizem pra si mesmo pra evitar a verdade e justificar suas covardias. ) Meu pai me sentou para uma palestra e eu fiquei ouvindo, em silêncio, ciente da futilidade de tentar explicar qualquer coisa a um homem que não me conhecia. Albert Camus estava certo: " A mais importante pergunta filosófica a ser respondida é o suicídio..." Eu tentei me matar alguns meses depois; e quando sobrevivi, me afastei de Deus e de suas promessas de uma vez por todas e decidi viver; e sair de perto dos meus familiares. E já fui tarde. Cheguei a Nova York aos 21 anos de idade.

Tenho uma lembrança de minha mãe, duas na verdade, e tentei filmar uma delas com três atrizes, sem sucesso. O diretor de fotografia não conseguiu acertar as luzes, eu não consegui encontrar a alma da cena e o assistente de direção me incomodando, tentando determinar se era mesmo importante aquela cena para a minha narrativa.

Quando minha mãe foi internada, meu pai saiu por aí procurando um lugar para colocar seus filhos gêmeos. Depois de morarmos com duas pessoas, antes dos seis meses de idade, minha avó colocou o pé no chão e moramos com ela até os 11 anos. Meu pai morava a uma hora e meia de distância de nós, e o víamos uma vez por ano, no Natal. Alguns natais, ele nunca veio, mas enviou uma carta escrita a mão; tinha uma caligrafia linda. Ele era extremamente orgulhoso disso.

Estou de volta ao Rio de Janeiro, olho para a garota de novo. Ela tem cabelos pretos, os mais lindos olhos verdes e não desvia o olhar dos meus quando olho para ela. Eu a beijei horas atrás, então agora só estou interessado em sua mente. Estou ouvindo ela me explicando Camus. Ela não acredita que não li Camus e agora está rindo muito porque confundi Albert Camus com meu poeta português favorito Luís Vaz de Camões. “Não é Camões, idiota. é Camus "e se desfaz de tanto rir.

No momento em que as palavras saem de sua boca, lembro-me da minha avó que me batia sem nunca deixar seu amor de lado. Ela disse isso em um tom carinhoso, cordial, de cumplicidade, empatia e familiaridade. "Essa garota," eu penso admirado, "está fazendo tudo certo." O sol está prestes a nascer e nos sentamos para assistir; isso vai ser espetacular. Nos beijamos novamente e assistimos o nascer do sol. Ficamos sentados por um longo tempo, vendo o sol nascer em uma das vistas mais bonitas do mundo, Ipanema, Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa. Ela me pergunta se eu posso levá-la em casa e eu: "bem, o que você acha que eu disse?" Claro que sim.

Caminhamos até o barco que ela deve tomar para chegar em casa. Sentamos em um lugar que não me lembro bem, esperando o barco. Ela mora em uma ilha. Eu gosto dela, e é óbvio que ela gosta de mim e fazemos a jornada juntos para a cidade dela. Nós mal falamos. Chegamos do outro lado e esperamos que todos saiam primeiro; não temos pressa e quando caminhamos em direção à rampa, eu a puxo pelo braço carinhosamente e digo adeus.

Estou tão surpreso com isso quanto ela. Ela me descreve o caminho de sua casa, e me convida pra visitar um pequeno café onde podemos sentar e conversar um pouco mais; nossa conversa se transforma em um interrogatório onde ela indaga se fez algo errado. Ela está preocupada de ter dito algo que me ofendeu e digo que não e que realmente gostei de conhecê-la, mas tenho que ir.

Não tenho justificativas nem pra mim mesmo e nem razão, mas todo o meu ser quer voltar para o Rio de Janeiro. Eu de cima do barco ainda a vejo se afastando em terra firme, na cidade de Niterói, enquanto eu flutuo em direção ao Rio de Janeiro me sentindo vazio por dentro. Muitos anos depois, durante a Pandemia de 2020, descobri que, aparentemente, sem o meu conhecimento, havia me prometido nunca pisar na cidade de Niterói e não estava disposto a quebrar essa promessa para alguém que acabei de conhecer. Mas por não ter esse conhecimento, eu flutuo incapaz de entender o que aconteceu. Eu gostei dela, passamos uma noite fantástica conversando. Eu me sinto desconectado de mim mesmo, como se um elo dentro de mim estivesse faltando, um elo que viria a explicar por que eu me afastei de uma garota bonita, inteligente e que adora a ler tanto como eu. Eu me sinto perdido. Me sinto vazio. Eu nunca mais vi aquela garota.

Estou de volta agora, ao lado do meu avô, ele está ouvindo o rádio. Ele não me vê, sou um viajante no fuso horário dele. Penso em abraçá-lo pela primeira vez, mas não o faço.

Não posso dizer o porquê.
Os elos que não vinculam,
Os Grand Canyons em nossa mente, que
engolem traumas inteiros; pro fundo da alma.

Chego na escola, mas percebo que não estou na escola; estou atrás da casa do Marcelo sendo levado a uma mesa onde você se senta, Karla, com Christiane e algumas pessoas out of focus. Nós olhamos um para o outro. Você está jogando um jogo de palavras em que se precisa nomear coisas diferentes com letras específicas, eu ouço você dizer…

COR: preto. ANIMAL: pato.

Os links que ligam para cidades erradas para lugares onde estamos vazios por dentro, mas nos recusando a morrer.

Camus está certo: “Existe apenas um problem filosófico realmente sério, e é a questão do suicídio. Decidir se a vida vale ou não a pena é responder à pergunta fundamental da filosofia. Todas as outras perguntas seguem a partir disso ... ”

Sento na nossa sala de aula, Tia Zélia está aqui como sempre, mas desta vez não posso ficar. Você não pode me ver. Há algo horrível chegando e você vai ser médica e deve prestar atenção na aula. "I'll be back."



                                                    


    -----------------End of PART THREE ------------






|Part 2| Carta ao Meu Primeiro Amor: Afonso Arinos

nota: perdoe os erros nesta tradução; não escrevo em português há muitos anos. 

Escrevi esse tributo sem imaginar que perderia uma pessoa muito querida, Renee French, atriz e enfermeira em um hospital em Manhattan. Gostava tanto de ser enfermeira que deixou pra tras uma carreira promissora como atriz. Trabalhou com Spike Lee e Jim Jarmusch's Coffee and Cigarettes e depois de ter tantas ofertas pra outros filmes decidiu se tornar enfermeira. Andávamos de madrugada sozinhos pelas ruas de New York e ela sorria e me dizia sarcasticamente: " Marco, veja como é bom ser famoso. Ninguém nos incomoda." Enquanto bebia seu nauseante café com gelo.


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  A realidade é realmente mais estranha que a ficção, a menina de 9 anos que eu amo cresceu para salvar o mundo.



| Sou fácil de identificar; Eu sou o cineasta que não se importava com a moldura, a câmera ou qualquer outra coisa quando ela estava por perto. Karla é a menina fosforescente.|


(Um tributo a todas médicas, enfermeiras e funcionárias)


PARTE 2

     Eu não pude evitar amar você, acordei um dia e lá estava você. Não sei explicar bem o começo do amor, é diferente de qualquer outra coisa; não é uma criação, é uma força que já existe em algum lugar, livre de quaisquer outras forças, exceto a própria existência da pessoa que você ama; e como isso aprimora todos os seus sentidos: o rio, os pássaros, a música que sua mãe tocou por toda a cidade através dos alto-falantes da igreja católica, as enchentes de março, as jabuticabeiras, a chuva rápida que rompia as nuvens em um dia ensolarado, e me fazia olhar para sua casa me perguntando se você estava brincando na chuva.

     A narrativa de sua vida seria precisa, direta, começando e chegando ao lugar e hora certa onde você conheceria Fernando. Gostaria de saber se ele soube no momento em que te conheceu que a vida dele nunca mais seria a mesma. Eu só sabia que te amava de todo coração até deixar Afonso Arinos aos 11 anos e nunca mais olhar para trás. Eu mantive uma cena de nossa narrativa na minha memória e a assisti várias vezes ao longo dos anos. Você, Karla, minha mãe, meu avô, estão guardados em meu coração em uma cena inesquecível.

     Sempre houve algo distante em você, mesmo quando você me dava toda a atenção; mas o amor é uma força tão poderosa que eu não importava muito com isso.Todas as férias escolares você ia à cidade de Niterói, perto do Rio de Janeiro, e eu ficava sozinho em Afonso Arinos, esperando você voltar: escrevendo poemas, histórias e me metendo em confusão. A manhã seguinte, depois de você  sair para as férias escolares, ficava tudo triste; parecia o dia seguinte ao término de uma gravação de cinema ou o final de um ensaio teatral.Eu sentia um vazio tremendo se abrindo dentro de mim, e eu mantinha ocupado, evitando a frente da minha casa, com a visão perfeita da sua casa vazia no topo da colina.

     Eu acordava e me sentava no quintal da minha avó por horas, pensando; sobre você, minha mãe inexistente, uma mesma pessoa, um vazio que meu coração de 9 anos não aguentava, uma dor que minha alma arquivou sem entender.

     Eventualmente, o pensamento virava espera; e ficava ali esperando a minha avó ficar ocupada, para que eu pudesse caminhar até a margem do rio, subir na canoa do meu vizinho e remar rio acima. Eu tinha 9 anos e não sabia nadar, mas os poetas arriscam suas vidas para se sentirem vivos e negarem a morte; não há coragem nenhuma, é um ato egoísta.

     Eu usava um bambu comprido para remar rio acima, passando por baixo da ponte ferroviária e carregando o rádio transistor do meu avô; desligado. Eu ouvia o som calmo da água batendo na canoa no caminho para cima e, quando eu parava de remar, a canoa diminuía a velocidade quase que imediatamente e começava a girar, girar e girar gentilmente, até ficar em comunhão com a corrente. Só então eu ligava o rádio na antiga Rádio Mundial e deitava minha cabeça no segundo assento, apreciando o fluxo suave da canoa, rio abaixo.



(O rio Preto visto da ponte ferroviária, com o cemitério à distância; onde meus avós descansam)



     Da canoa, rio abaixo, eu só via o cemitério, depois a igreja, a escola primária; sua casa viria como uma revelação cinematográfica, mas, sabendo que você não estava lá, apenas revelava o quão vazio eu me sentia quando você não estava por perto. Tentava não pensar em você, havia muitos problemas em que poderia me meter antes de você voltar. Fechava os olhos e ouvia  música enquanto corria rio abaixo; a corrente era suave e levaria um tempo até eu flutuar passando pela casa da minha avó. Não há palavras para descrever o quanto eu amava a minha avó, mas vê-la em pé na margem do rio sempre foi angustiante.

     Na maioria das vezes ela não podia fazer nada, era idosa, diabética e, se sabia nadar, nunca demonstrou. Eu sabia que levaria uma surra no momento em que chegasse em casa e lembro-me claramente de pensar: "Se você vai apanhar de qualquer maneira, é melhor aproveitar a viagem", então me deitava, fechava os olhos e escutava Jeff Barry's Sugar, Sugar ou qualquer outra coisa que estava tocando. Eu flutuava até o campo de futebol, a cerca de 10 casas da casa da minha avó, até a influência dos filmes de Hollywood intervir e encerrar minha aventura.

     O gênio cômico Jerry Lewis escreveu um livro que toda pessoa interessada em cinema deveria ler, The Total Filmmaker; nele ele descreve o "Dingaling", uma pessoa no set que tem uma necessidade constante de mostrar sua habilidade, velocidade e coragem. "Há um em cada equipe", disse ele. O que Lewis não poderia saber é que Afonso Arinos tinha seu próprio Dingaling, e era fascinante vê-lo.

     Quando chegava ao redor do campo de futebol, as notícias de minhas aventuras haviam atingido metade da população de Afonso Arinos, afinal de contas, tínhamos apenas 50 casas. Dingaling nunca perdeu a oportunidade de impressionar os mais velhos; Eu via ele subindo na árvore perto do campo de futebol, tirando a camisa e pendurando em um galho; depois dava um mergulho que deixaria Johnny Weissmuller,  o Tarzan, verde de inveja. Ele nadava até a mim muito rapidamente, subia a bordo e me alugava todo o caminho até a casa da minha avó. Eu não conseguia ouvir uma única palavra que Dingaling estava dizendo, tudo o que eu conseguia pensar era: "qual é o seu problema, e por que você deixou sua camisa para trás, será uma longa caminhada de volta para aquela árvore.' Muito animal mesmo você, Dingaling.

     Lembro-me de uma vez, por um capricho, ter a idéia de pedir para ele me deixar remar, e ele o fez. Ele ficava naquela canoa como se eu fosse uma presa maldita que ele acabou de pegar; Podia ver alguns vizinhos parados na margem do rio gritando comigo: "Você vai matar sua avó", diziam eles. Dingaling reclamava do quão lento estávamos indo, e me mandava remar mais rápido e eu sugeria  que ele mudasse de estação; e para minha surpresa, sempre funcionou. Eu estava remando, remando e remando rio acima, os vizinhos gritando e ele lá, parado no meio daquela canoa, tentando encontrar uma boa música. Graças a Deus que não tínhamos um iPod, o rádio transistor era a distração perfeita pro Dingaling. Graças ao Dingaling, eu nunca perdi uma surra.

     Usar a palavra surra para descrever o castigo da minha avó é um pouco exagerado, nem sei por que ela se incomodava, com toda a sinceridade. Para começar, ela me pedia para ir às árvores de bambu e pegar um bambu fino que crescia à beira do rio. Eu ficava observando enquanto ela pegava uma faca e começava a afiár o bambu: "O que você está fazendo aí, vovó?" Depois que ela afiava o bambu já fino, ela segurava meu braço e me explicava o que eu fiz de errado, e o porque eu nunca deveria fazer isso de novo, e então ela me batia com  a invenção dela na perna algumas vezes. Que piada que era minha querida avó. Você pode experimentar a mesma sensação; eu te passo a receita: " faça um longo corte de papel na coxa e esfregue sal no corte. Repete a gosto." 

     Aprendi uma lição valiosa naquela primeira vez e, na próxima vez em que ela me pediu para pegar o bambu, fui buscá-lo e nunca mais voltei. Passei o meu dia subindo em árvores, comendo mangas colhidas em uma das seis árvores que tínhamos em nossa orquídea e quando voltei para casa, no meio da tarde, ela havia esquecido completamente que eu precisava de uma surra. Estranhamente, nunca senti nada senão amor vindo daquela senhora. Anos depois do falecimento de minha avó, Karla, eu finalmente percebi que ela se sentia por mim, o mesmo amor que eu sentia por você.


     Meu avô é como você, uma única lembrança que vejo repetidamente em minha mente. Ele se sentava com os cotovelos apoiados em um travesseiro, que tinha sobre a mesa, ao lado do rádio transistorizado. Eu não tenho uma única lembrança dele; andando, de pé, nem mesmo falando, mas lembro-me do orgulho em seus olhos e seu sorriso quando eu me sentava ao lado dele pra ouvir música. Do quintal de casa eu ouvia o rádio tocando e a minha memória e de ouvir os acordes musicais da canção, Cadeira de Rodas, e eu corria para dentro de casa, não importa o que estivesse fazendo. Eu me sentava na cadeira à direita da mesa, ou talvez estivesse de pé, não consigo me lembrar precisamente, mas nunca esqueci seu sorriso gentil comigo e nunca esqueci seus olhos. Fellini estava certo: rosto e olhos, trai a alma mais privada. Nos olhos dele, via amor, orgulho, como se ele próprio tivesse escrito as músicas e se via feliz por eu estar gostando.

     Meu avô ficava sentado naquela cadeira dia após dia até o dia em que ele não estava mais lá. Não lembro do velório dele, não lembro dele morrendo, não lembro da casa cheia de gente chorando e, no entanto, sei que tinha que ter acontecido. Meus avós tiveram 9 filhos e, quando você adiciona os netos, tinha que haver um dia em que todos viessem lamentar sua perda. Ele é minha conexão eterna com a Itália, com Dante, com você, Karla.

     Tenho muitas lembranças da minha avó, mas a perda do meu avô foi obviamente um evento importante, que eu apaguei completamente da minha memória. Talvez, aprender a bloquear as dolorosas lembranças de sua morte tenha me ajudado a lidar com o afastamento de você aos 11 anos de idade. O mesmo sentimento geral permeia os dois momentos; um dia você estava lá e no outro uma única cena que eu me recordo para conforto. A morte de meu avô e a ausência de minha mãe me ensinaram que existem coisas neste mundo que são absolutas, coisas que permanecem inalteradas, não importa o quanto você queira que seja diferente. A morte muda tudo permanentemente, mas a dor permanece em seu coração e alma como as pequenas pedras brilhantes de Madame Curie; o half-life de trauma é uma lenta deterioração em vida.

     Quando olho novamente para o número de mortes por coronavírus, sinto-me inútil; sim, há coisas que estou fazendo para ajudar, mas não é suficiente. Não parece suficiente. Eu sou, e sempre fui um ser humano que sofre a condição humana, reconhece seu lugar no mundo, por mais irrelevante, sou incapaz de levar as coisas adiante em hipocrisia, e cem por cento comprometido em ser sincero com quem eu sou e mudando o que eu não gosto em mim mesmo. Talvez seja uma das razões pelas quais eu nunca tirei uma selfie, tirar fotos de mim mesmo e de minhas coisas para mostrar aos outros é bobagem em qualquer dia da semana, mas agora, com os corpos empilhados ao redor do mundo é impensável. Olho para minha biblioteca, quase 3.000 livros e não tenho habilidades práticas que possam ser úteis no momento, e, no entanto, sei que a única maneira de acabar com isso é se as pessoas ficarem em casa. Toda pessoa que fica em casa é uma pessoa a menos que sua comunidade deve tratar. A Renee viu morrer mais de mil pessoas por dia num hospital em New York e lutou até a morte pra tentar salvar os outros; enquanto os presidentes brasileiro e americano se revelam inconsequentes diante a essa tragédia. 

     Durante essa crise, tudo o que tenho ao meu redor são mais perguntas; a morte tem o poder de concentrar a mente. Eu fiz uma viagem pela web em todo o mundo e percebi duas coisas: ou eu sou a única pessoa no mundo com medo de morrer ou as pessoas já estão vivendo em uma realidade virtual. Imagens de pessoas curtindo o dia, jogando vôlei, se divertindo e tirando selfies pra suas redes sociais estão por toda parte. Pessoas com amigos comprando cerveja e festas, imagens do presidente do Brasil limpando o nariz com a mão e apertando a mão das pessoas na multidão. Imagens do presidente americano em um hospital se recusando a usar máscaras. Penso nas muitas pessoas que sofrem, desaparecendo em um hospital para nunca mais voltar, morrendo sozinhas e sendo enterradas em sepulturas não marcadas, porque não há espaço nem tempo para um enterro adequado. Penso nas pessoas que deixam suas casas e cujo trabalho é enterrar outros seres humanos. Mil por dia. Penso na minha Renee que se foi. E me vem a dor de saber que nunca mais poderei ligar pra ela e andar pelas ruas de New York conversando. 



     Não estamos de férias no mundo inteiro. Esse momento importa. A vida perdida importa. Mais do que ficar em casa para reduzir a propagação da doença, é nossa responsabilidade de lamentar os mortos, e devemos fazer isso sendo humildes e introspectivos. Talvez seja por isso que eu desprezo tanto os políticos, mestres de frases bem ensaiadas que se encaixam em qualquer circunstância, citações sem sentido e sem apego à alma. Se você está passando o dia sem medo de morrer, tentando não se sentir muito mal, o que você diz para consumo público invalida todas as suas palavras de agradecimento à comunidade médica. A coragem da comunidade médica está diretamente relacionada ao seu medo de morrer e à compreensão do perigo que eles enfrentam; há uma verdade da qual eles têm certeza: quanto mais pacientes eles vêem, mais chances há de pegar o vírus e perder a vida por ele. Como aconteceu com a minha querida Renee que deixou uma filha órfã, por ter a coragem de sair e arriscar a vida pra salvar os outros.

     Há momentos em nossa existência que sentir-se horrorizado, triste e aterrorizado é um sinal de humanidade; não é uma fraqueza como muitos políticos querem que acreditemos. O governador do Texas, Greg Abbott, na semana passada, apelou pelo orgulho texano para enviá-los para tentar enviá-los de volta ao trabalho: “Os texanos são pessoas orgulhosas. Eles gostam de trabalhar ”, disse o governador. Excelência, eles precisam estar vivos para poder trabalhar. Estude cuidadosamente a segunda onda de contaminação na China, porque foi pra isso que os texanos votaram no senhor. Esta semana era hora de seu filho, o tenente-governador do Texas Dan Patrick, sugerir na televisão nacional que “muitos avós estão dispostos a arriscam suas vidas para salvar a economia. "Esse sentimento é ecoado por muitos políticos, mas, no entanto, eu daria todo o dinheiro que tenho para ver minha avó e meu avô novamente. Compaixão e empatia nos tornam humanos. Nasci no Brasil e não "nado em água do esgoto", como sugeriu o presidente do Brasil para o consumo mundial, e certamente não somos imunes a doenças. Mesmo Jesus Cristo, a quem essas pessoas professam seguir, lavou os pés das pessoas para mostrar amor, compaixão, amizade e empatia. Esses sentimentos nos definem humanos.

     Eu tenho medo de morrer; talvez por não acreditar em Deus eu entendo essa vida como um momento mágico e único.  Estou ciente de quão perigoso é esse vírus; tente assistir a tudo o que toca por uma hora e o perigo fica claro. Eu tenho dois filhos que ainda dependem de mim e ainda tenho coisas que quero fazer; a vida é um bem precioso que eu quero guardar. Eu me recuso a manter a aparência normal. Não há nada normal em milhares de pessoas morrendo por dia e, quando estamos por ai, postando fotos insignificantes em nossa demonstração social de hipocrisia, damos aos políticos um sinal de que estamos dispostos a deixar nossos pais morrerem para “salvar a economia. " Quando não demonstramos nossa tristeza pela perda de vidas, damos aos políticos a ideia de que podemos concordar com a possibilidade de que alguns em nossa sociedade possam ser "sacrificados".

     Nunca em minha vida pensei duas vezes nas pessoas cujo trabalho é enterrar outras pessoas, e agora são tudo em que não consigo parar de pensar. Um trabalho horrível. A coragem e dignidade que essas pessoas estão demonstrando é notável. Sair de casa dia a pós dia pra enterrar outros seres humanos; mil seres humanos por dia. Enquanto eles demonstram essa coragem, nossa comunidade médica e suas equipes arriscam suas vidas para salvar outras pessoas. Muitas dessas pessoas agora imploram ao governo por mais máscaras e equipamentos de proteção, e é difícil acreditar que estejam sendo ouvidas. Quando há políticos sugerindo que os avós são dispensáveis, tudo o que sai da boca em apoio à comunidade médica é apenas mais uma demonstração de demagogia e hipocrisia.

     Eu tenho tempo em minhas mãos e morte em minha mente.

     Também entendo que em nossas narrativas há momentos em que sentir remorso, tristeza e empatia é uma maneira em que nos relacionamos com outros seres humanos. É como mostramos a outras pessoas, em lugares distantes, que lamentamos sua perda e que compartilhamos sua tristeza. No final, é o amor que nos leva adiante: o amor por estar vivo, o amor por outro, por uma criança, por seus pais e avós, ou pelas lembranças inesquecíveis de uma garota que você amava quando tinha 9 anos de idade.

     Um pouco de humildade diante da fragilidade da vida e de nossa impotência diante da natureza também ajudaria. É por isso que oramos por nós mesmos e pelos outros. Se há um momento para uma oração, esse momento é agora. Até eu que não acredito em Deus sei disso.




                                                    






|Part 1| Carta ao Meu Primeiro Amor: Dr. Karla Maria


nota:
perdoe os erros nesta tradução; não escrevo em português há muitos anos. 

Escrevi esse tributo sem imaginar que perderia uma pessoa muito querida, Renee French, atriz e enfermeira em um hospital em Manhattan. Gostava tanto de ser enfermeira que deixou pra tras uma carreira promissora como atriz. Trabalhou com Spike Lee e Jim Jarmusch's Coffee and Cigarettes e depois de ter tantas ofertas pra outros filmes decidiu se tornar enfermeira. Andávamos de madrugada sozinhos pelas ruas de New York e ela sorria e me dizia sarcasticamente: " Marco, veja como é bom ser famoso. Ninguém nos incomoda." Enquanto bebia seu nauseante café com gelo.


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  A realidade é realmente mais estranha que a ficção, a menina de 9 anos que eu amo cresceu para salvar o mundo.



| Sou fácil de identificar; Eu sou o cineasta que não se importava com a moldura, a câmera ou qualquer outra coisa quando ela estava por perto. Karla é a menina fosforescente.|




(Um tributo a todas médicas, enfermeiras e funcionárias)


PART ONE


Quando deixei Afonso Arinos, Brasil, eu tinha 11 anos. Eu dei um beijo de despedida na minha avó; para nunca mais voltar até quase 30 anos depois. Sou órfão; e ser órfão dá a você solidariedade com todas as minorias, todos condenados ao mesmo destino de não ter uma unidade para se definir, e ter que se forjar com os materiais deixados para trás por outras pessoas. Não sei se isso é verdade, mas sempre achei que os órfãos de todo o mundo gostam de viajar: conhecer novas pessoas, experimentar novas culturas, falar novos idiomas; para esconder o fato de que não pertencemos a lugar algum.

Deixei para trás minha avó, um rio e suas cintilantes águas marrons, mangueiras, jabuticabeiras, minha escola primária e Karla Maria, o meu primeiro e grande amor.

Você, Karla Maria, foi e ainda é um segredo que guardo em meu coração durante toda a minha vida. Um amor puro que reside em mim, sempre, como oxigênio puro, reservado para situações de emergência. As lembranças do amor que senti por você, um outro ser humano, em uma época em que a inocência prevalece, é a coisa mais próxima que um ateu tem da divindade. Houve momentos em minha vida que a memória de você aos 9 anos de idade foi a única coisa que me manteve vivo e são. Eu sei o quanto aborrecimento eu causei a você: escrevendo cartas de amor, olhando para você durante as aulas, com ciúmes de qualquer outro garoto que falasse com você; (sim Frederico, também não te esqueci. Espero que esteja bem e com saúde.)

Eu não pude me prevenir de te amar, acordei um dia e lá estava você, e não havia mais nada. Não sei explicar bem o começo de um amor. O começo de um grande amor não é como o começo do universo, não é uma criação, é uma força que já existe em algum lugar e é mais poderosa do que qualquer coisa ao redor. Deus criou o mundo em uma exibição espetacular de poder e matemática; o amor ele criou no domingo, seu dia de folga. Quando Newton, um fervoroso crente, estava tentando explicar a lei da gravidade, ele mencionou um éter, ele estava descrevendo o amor, ele simplesmente não sabia disso. O amor une; revolta, no melhor sentido da palavra. Um dia você está bem, seguindo seu dia a dia, e de repente você sente, e o amor consome todos os momentos do seu dia e noite; você se torna um corpo celeste viajando em torno de sua órbita.

A última lembrança que tenho de você, Karla, estávamos dentro de um ônibus, quando tínhamos 17 anos. Lembro de caminhar até a parte de trás do ônibus para dizer olá para você e sua mãe, mas por alguma razão agora tenho dúvidas se realmente conversei com você naquele dia. Eu tinha escrito minha terceira peça e estava a caminho de assistir a apresentação no Rio de Janeiro. Lembro-me de conversar com você sobre isso; mas também questiono essa memória porque não consigo me lembrar do seu rosto. De alguma forma, meu cérebro excluiu todas as suas imagens, exceto quando tínhamos 9 anos de idade. Seu rosto está esculpido em minha memória, em meu coração, e eu visito nossa sala de aula toda vez que a vida fica um pouco insuportável. É o meu superpoder.

Eu sempre respeitei a sua memória; por isso, confesso que não ouvi falar de você nem pensei em você como adulta até o início das mortes, na Itália. O país dos meus antepassados, meu avô; de Dante e sua Beatriz. Duvido que ele tenha amado sua musa o tanto quanto eu amo você; ele era melhor em expressar isso. Sorrio pela simplicidade e inocência dessa afirmação. Dante é meu escritor favorito e Divina Comédia meu livro favorito, é também um lugar onde encontro refúgio de vez em quando; é igualado apenas a Dom Quixote, outra obra-prima de um homem dilacerado pelo amor e destinado a perambulações sem rumo. Eu me relaciono mais com o Quixote; melhor companhia. Se você está passando pelo inferno, seu companheiro de viagem deve ser gentil, engraçado e um facilitador. Uma pitada de loucura também é necessária.

Quando os corpos começaram a se acumular ao redor do mundo, fiquei sentado contemplando as vidas perdidas e, pela primeira vez, desde os 11 anos de idade, depois de me certificar de que meus filhos estavam seguros em minha casa, pensei em você. Eu desejava saber que você estava bem e segura. Tenho que confessar a você que foi só então que fui procurar por você, a versão adulta de você. Não gosto nem um pouco das mídias sociais, não há nada de social nelas, mas foi útil para encontrar você; e eu tive uma surpresa.

A garota de 9 anos que eu amo cresceu e estava lá na linha de frente, enfrentando um inimigo invisível que mata tudo em seu caminho; Fiquei feliz em descobrir que você é exatamente o que eu pensei que você seria aos 9 anos de idade.

Fiquei feliz de saber como você está vivendo sua vida. Você encontrou o que a maioria das pessoas em Hollywood e no mundo todo procuram e não conseguem encontrar: amor verdadeiro. Você conheceu seu marido, vocês dois estudaram medicina, se casaram e tiveram três lindas filhas. As muitas cartas de amor que escrevi para você quando criança, não tem comparação com as lindas mensagens de amor que o Dr. Fernando, seu marido, escreve para você em seu perfil de mídia social. Vocês dois conseguiram encontrar o que o resto de nós esperamos, uma alma gêmea; e vocês não tinham como saber que todos os sacrifícios que você fizeram seriam imperativos para salvar a vida de seus vizinhos. Vocês estão vivendo uma bela história de amor e seus filhos têm sorte em te-los como pais; sua cidade é abençoada por ter vocês dois como médicos residentes.

Enquanto eu fico em casa, são e salvo, vocês e a comunidade médica estão lá fora, salvando a vida das pessoas. No meio de um surto de vírus mais perigoso de nossas vidas, vocês dois arriscam a vida que construíram para salvar os outros. Ver o mundo pegar fogo é um tema comum no cinema e, a partir do momento em que essa pandemia começou, eu sabia que precisávamos nos preparar para uma situação difícil. Eu leio muito. Tenho uma biblioteca pessoal de quase 3.000 livros e li alguns deles; também li alguns livros sobre a pandemia de 1918 e sei o quão perigosa é essa situação. E agora eu tenho a memória da minha querida Renee que se foi em 2020.

Me enfurece assistir os políticos jogando seus jogos tolos, garantindo uma proliferação do vírus e multiplicando as pessoas que sua comunidade terá que tratar. Foi esse sacrifício que me levou a escrever essa carta de agradecimento disfarçada de carta de amor; ou talvez seja o contrário. Eu não sei. Está tarde. 3:20 da manhã agora. Eu mantenho um horário de artista.

Sou artista, de profissão e temperamento, minha avó sabia disso, eu ficava ali sentado, pensando em você, e ela se aproximava de mim, chamava meu nome e me batia no topo da cabeça algumas vezes; Eu olhava para ela a tempo de vê-la balançar a cabeça, me beijar e ir embora novamente. Era o jeito dela de me dizer: "o que quer que seja que você está pensando em fazer, não faça". Eu deveria ter escutado ela. Mas não ouço bem, nem mesmo minhas próprias vozes que me disseram para não escrever essa carta. Houve um debate interno; Eu venci. Meu crítico interno apontou para mim os pessimistas, o povo cínico e argumentou que eles tomariam isso da maneira errada, mas eu respondi que você e seus colegas médicos estão lá no campo de batalha mais perigoso que se possa imaginar, lutando contra um inimigo que você nem sequer pode ver. Escrever uma carta de agradecimento é o mínimo que posso fazer.

As eternas vozes interiores sugeriam que seria um pouco inapropriado escrever uma carta de amor para uma pessoa com uma família, mas eu não escutei. Esta é uma carta de amor para uma época que já passou; uma carta de amor da minha criança interior pra sua criança interior, a criança de 9 anos que me conhecia bem e não ficaria surpreso com minhas travessuras. Lembrei-me de Angelina Jolie ganhando um Oscar, e de estar tão feliz que confessou ao mundo inteiro o amor que carregava em seu coração por seu irmão, sim, seu irmão. No dia seguinte, algumas pessoas muito loucas e odiosas estavam lá, sugerindo que ela estava tendo um relacionamento sexual inadequada com o irmão. Pessoas pequenas e absurdas.

Enquanto estou aqui sentado fico pensando na eternidade do amor, na fragilidade da vida, Tom Cruise me veio também à mente; ele também foi ao show da Oprah e pulou no sofá para anunciar ao mundo que amava outro ser humano; e ele também foi castigado. Também nunca entendi isso. Me lembro ouvir alguém dizer, e cito o mesquinho "ele está fora de controle". Me recordo de pensar na época: "evidentemente, é claro que ele está fora de controle, está apaixonado. Eu não acho que ele está pulando alto o suficiente nessa poltrona. "

Talvez Karla, depois de assistir a uma demonstração de coragem vinda da sua comunidade, nos uniremos ao redor do mundo e exterminaremos esse outro vírus, porque está sufocando nosso espírito livre, a parte de nós que quer viver plenamente e cometer erros. Os seres humanos devem se unir contra todos os tipos de sentenças de morte; seja físico ou espiritual. Para a multidão odiosa, esta carta será o que será, embora eu espere que ficar em casa por causa do coronavirus ensine essas pessoas alguma empatia e humildade. Seja pequeno, mas não detestável. O próprio Terminator, Arnold, ensinará isso na parte dois. Sim, há outra parte.

Não tenho o pragmatismo necessário para ser médico, Karla, mas minha imaginação me permite voltar à nossa sala de aula e vê-la novamente, várias vezes; olhando para mim, irritada com minhas cartas de amor, envergonhada pelos presentes que lhe dei, todos eles, como você sabe, coisas que "liberei" da minha avó. ( Em linguagem de cinema nunca se rouba nada: se libera, copia, presta homenagem) Em minha defesa, só lhe dei as coisas que ela mais amava. Nos meus momentos mais sombrios, quando não há amor ao meu redor, e prejudicado pelo meu ateísmo, viajo de volta no tempo em meditação, para vê-la. Um pensamento engraçado me ocorreu pela primeira vez; quando volto a vê-la, só vou à sala de aula no segundo andar, a último sala à direita, próximo ao banheiro onde ficava o fantasma da mulher com o algodão no nariz; Só Deus sabe por que ela ficava lá. Pensando bem, esse fantasma viaja muito porque li em algum lugar que ela estava assustando crianças em Nova Jersey. Pobre fantasma! Nova Jersey? Talvez por isso todos querem escapar de lá.

O que acabei de perceber é que escolhi visitar a sala de aula no andar de cima porque ainda não havia Frederico, ele veio mais tarde. Quão ridículo eu era? Talvez ainda seja. Acabei de fazer essa conexão. A maior sala de aula, como você sabe, é a que fica em frente à escola, as janelas atrás de mim na foto, eu nunca visito essa sala. É assombrada pelo Frederico.

Pablo Picasso, um homem que nada sabia sobre o amor, apenas conquistas frívolas, disse uma vez que um artista deve permitir que sua criança interior assuma o controle; eu também acho. Sento-me na sala de aula no andar de cima, assistindo Tia Zélia escrevendo “Interpretação de Textos” no quadro-negro; Olho ao redor da sala e sinto todo o seu amor enchendo minha alma. Sinto falta da Tia Zélia, ela era minha anja da guarda. Eu lembro dela olhando para mim e balançando a cabeça, sorrindo toda vez que eu lhe entregava um poema, ou uma das coisas da minha avó. Lembro-me de que toda vez que Tia Zélia vinha à minha casa, para devolver seus presentes, eu corria para a janela da frente da minha casa e olhava para a igreja, com a nossa escola primária ao lado, e a casa onde você morava e eu imaginava você lá dentro: irritada e despresenteada. O círculo de flashback amoroso em que volto é sempre o mesmo: olho ao redor da sala, olho para você, você fica irritada e desvia o olhar ou gesticula para que eu olhe para o quadro. Você também era bem irritadinha, né? Fala a verdade.

Outro dia, Karla, vi uma entrevista com o governador da Flórida, um homem que se recusou a instruir as pessoas a ficar em casa e meses depois quando 900 pessoas por dia estavam morrendo na Itália, teve a audácia de dizer que ninguém conhecia esse vírus, e que ninguém sabia que era tão poderoso e que pessoas assintomáticas podiam transmiti-lo. Agora, por causa de suas manobras políticas e estupidez pessoal, a equipe médica em toda a Flórida terá alguns meses horríveis pela frente. Eu gostaria de ver imagens do governador da Flórida enterrando alguns dos corpos para que ele entenda completamente a sentença de morte que dispersou contra as pessoas que votaram nele e a tortura que ele impôs a equipe médica na linha de frente. Karla, esses são os pensamentos que me levam à meditação. Estes são os pensamentos que me trazem a você e o amor que você fornece.

Ontem à noite, depois que 1.700 pessoas morreram nos EUA em um dia, viajei de volta no tempo e fiquei lá, assistindo Tia Zélia e você. Desta vez, quando você olhou para mim, eu quase lhe disse a verdade: “Karla, eu vim do ano 2020, ainda te amo da mesma maneira, mas você encontrará o amor da sua vida, um garoto chamado Fernando, vocês dois farão faculdade de medicina juntos e se tornarão médicos. Você cuidará de crianças e seu marido será cirurgião; juntos criarão três lindas e incríveis filhas. Seu marido também é político, mas deixarei isso passar; você o escolheu e "In You I Trust."

Mas eu não disse nada, fiquei sentado olhando para você e ponderando sobre o perigo que você está enfrentando no ano de 2020 e temia que você percebesse minhas preocupações. Você parecia tão pequena sentada ali que eu me senti triste e chorei, pensando: "como é que essa menina tão pequena enfrentará uma pandemia que matará milhões de pessoas em todo o mundo"? Senti orgulho em amar você. Eu me sinto inútil sentado aqui escrevendo isso.

Adoro escrever e dirigir é o meu dom, mas estou em casa, absolutamente inútil contra esse inimigo, assim como muitas, muitas estrelas de cinema famosas, heróis de ação, astros do rock, jogadores de futebol e celebridades de todos os tipos. Somos irrelevantes quando importa. Ricky Gervais não estava brincando e agora é óbvio; somos artistas e este é o momento de figuras heróicas reais: Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Tom Cruise e Will Smith não precisam se inscrever. O mundo está morrendo de uma pessoa por vez e eles não têm as habilidades necessárias para o trabalho. Então eles devem se esconder em casa com o resto de nós, observando médicos como vocês, funcionários de limpeza de hospitais, enfermeiras, coletores de lixo, coveiros, enfrentar a tempestade.

Em um futuro próximo, quando alguém estiver pontificando sobre como é incrível e talentoso, ocupado dizendo quantos seguidores eles têm nas mídias sociais, pergunte a eles onde estavam durante a pandemia de 2020; quando lhe disserem que, assim como eu, estavam em casa, escondidos, desejam-lhes bem e diga que você está feliz por estarem vivos. Não há mais nada que você precise saber deles.

É realmente inspirador o que a sua comunidade está fazendo, e como deve ser assustador entrar e sair de seu equipamento de proteção não podendo ver onde o inimigo está. A minha querida Renee, esteja onde estiver tem o meu amor e admiração.

A realidade é realmente mais estranha que a ficção; a menina de 9 anos que eu amo cresceu para salvar o mundo, uma pessoa de cada vez; não nas páginas de um romance ou na tela de cinema, mas na vida real onde importa. E ela está fazendo isso em silêncio, como uma boa garota cristã.

E seu companheiro de aventuras é chamado Dr. Fernando, o amor de sua vida. Não é essa uma linda história de amor?


                                                    






Monday, June 1, 2020

Love Letters to the Past ( a tribute to medical personnel and staff )






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Cartas de Amor ao Passado ( Homenagem à Comunidade Médica )





|Part 4| The Silent Worldwide Pandemic - We the People.



     "Imagine all the people, sharing all the world." John Lennon and Yoko Ono





(A Tribute to All Medical Personnel)
     


PART FOUR
    


The Silent Worldwide Pandemic - We the People. 




Alone, human beings are not islands, we are viruses. We don’t belong, we don’t have common goals, even when it appears we do. Humans can be alone in groups, distancing themselves from others considered less than: wrong color, wrong clothes, wrong sex, wrong social class, wrong God. A virus kills its host, yet, it doesn’t plan to do so, it serves a genetic code and it is quite beautiful, if you take the time to study it. It won’t stop until it reaches the top of the hill, and when the rock rolls down to the bottom of the hill, a virus will pick up where it left off, unrelenting, e.g. republicans using the worldwide pandemic to ban abortions, therefore circumventing the Supreme Court decision guaranteeing women those rights; democrats absurd position on late term abortions. Both groups pushing their rocks uphill no matter what; reasoning be damned.


     Our constitution crafted by prejudices, paranoia, greed and the fear of death; fallacies, the cornerstone of our civil discord.

Once the medical community has the Coronavirus under control, we will engage in a new fight, against the pandemic of false prophets and politicians; and our new orders will be GO OUT & SOCIALIZE...


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 SOMEWHERE OVER THE PANDEMIC,


the skies are blue; or perpetually gray if you live in London, yellow-reddish in Morocco, and in Sao Paulo and Beijing, you can’t see the sky at all. Yes, we still have things we need to fix; but we are on our way. Considering that we have not only survived the Pandemic of 1918, but thrived after that, it was a matter of time, patience and diligence to adapt to the whims of nature during the 2020 pandemic. 

     We have learned a few things these past few years; humans want to conquer, but nature teaches us that our only choice is to assimilate and adapt. These days, we are a bit more humble, appreciative of others. Some of our habits have permanently changed, and we do not bat an eye seeing anyone wearing a mask in public. The masks are manufactured in different colors to announce to everyone whether you have a cold, flu or the coronavirus, and at what stage of the cycle you are. It is uncommon to see anyone traveling by subways, or by plane not wearing a mask.

     For all of us, 2020 will mark the time where everything changed; family members, friends, acquaintances we met while traveling in Europe and Asia, in the years before the pandemic, now forever gone. It won’t be the year we had to stay inside the houses, it will be remembered as a shift in our collective consciousness.

     After the pandemic, it became very clear to us that we could no longer rely on religion leaders and politicians. A movement began to take shape around the beginning of 2021 and we went from quarantining together for survival to planning a future where little by little, the government began losing its grip in our lives. The same way that the medical community rallied together worldwide to save people’s lives, we came together and seriously addressed the two main reasons for our distrust in one another: politicians and false prophets, a.k.a religious leaders. Put it bluntly, we no longer need leaders, we need each other.


     Back in 2020, politicians were simple to figure out, although no less a terrifying bunch; meeting one meant that you had just met a person trying to determine how you could help him achieve his goals. Their proposition was simple: we are part of a group, and we need something; there is a group over there that has it and doesn't want to share with us; there is another group that doesn’t have it and are after what we have. Elect me, and I assure you that you will have what you want and together we will protect what is ours. 

     Read that again to see how stupid that idea is, and yet millions of people gobbled that up like a Thanksgiving turkey. I never liked politicians; every time I heard one speaking, the same thought crossed my mind: I need a bigger spoon for the bullshit you’re selling.

     The pandemic of 2020 was a necessary evil, for we finally saw politicians' genetic code in a different light. When the medical community asked you geographic questions, they were trying to determine what kind of diseases you might have been exposed to, in order to save your life. They take their hippocratic oath seriously. When politicians asked you your race, they were trying to determine your costumes, so that they can determine your intolerances, so that they can find a group you might have an issue with, in order for them to cast themselves as the solution, to a problem you didn’t have in the first place; therefore advancing their agenda. 

     The year 2020 was the year we finally understood that politicians invaded our communities like viruses invaded our cells and changed it from within. So now we have shortened their terms in office, we hold them accountable and vote them out of office at lightning speed when they are self-serving. The reforms we passed within five years of the 2020 pandemic put an end to their manipulations; now they are servants, their salaries are fixed, and consequently, there are fewer of them. We vote them out swiftly the moment they don’t serve the community interest.

     Our relationship with religion is a bit more complicated because they have parts of it right; it is only when we see ourselves as whole, a worldwide community, that we have the chance to grow a healthy society and guarantee the survival of our species. It is when religious leaders sell life beyond this one that things begin to get fuzzy. Pulling on the strings of our fear of dying; like viruses, they invaded our subconscious mind and divided us in groups, and demanded that we act according to their beliefs and dogmas. In that environment, our customs will clash, the clothes we wear will clash and the Gods we pray too will always have something to say about the other Gods. I’ve yet to find a single inclusive God in the history of mankind. 

     Foregoing religion and embracing a loving God for all, as well as respecting and accepting each other's faiths was the best decision we made as a species. We kept all of our traditional rituals for their beauty and now it is not uncommon for people to join each other’s religious ceremonies in celebration of God and the life given to us. I go to churches, synagogues, temples in communion with others and when I close my eyes, I see my grandmother, grandfather, my mother and I visit a girl I love when I was 9 years old.

     By the year 2025, the world opened up to us like a cell. Without politics and religion dividing us, we took to traveling everywhere, meeting new people, eating their food and listening to their music, participating in religious ceremonies of others and praying to their Gods; as well as ours. It is estimated that 4.5 billion people were outside of their native country every single day in a single calendar year. Our new mantra became GO OUT & SOCIALIZE.

     The first country I visited was Yemen, a land that has fascinated me from the time I saw the first picture of their mountains. Shaharah, with its geometric shapes carved right off the mountains, and its spectacular 17th century footbridge that join villages and span across mountains defying gravity, held together only by the grace of mathematics. The Bridge of Sighs, how is known, stood before me like a reminder: that I’m alive, that life is short, that I ought to be listening to a song. Stairway to Heaven immediately came to mind but before I knew Smokey Robinson was singing My Girl. I stood there thinking: “I've got all the riches baby one man can claim/oh yes I do.”

     I visited Shibam; its anil colored skies met by green at the horizon, and land carried to the forefront of our mind by its beige pastel tones. Buildings made of mud and earthy tone turned orange by a sleepy sun. You can see its colors on the painting “Three Reds” by Brennie Brackett, another place I travel to in meditation.




 Unbeknownst to the painter, I lifted the vase and replaced the white cloth with one of my grandmother's embroidered work. I can still see her sitting there, mid afternoon, quietly embroidering. My grandmother was peace itself. 

Shibam, under the light of a retrieving sun, is an unforgettable site. The Yemeni women heading to pray and giving thanks to a new life, dressed by their own choice in my favorite color, 

black 
like arrows that 
fell from the sky; 
their voices like songs 
in flight 
forever kept in my heart
And mind. 

Henry, my goodfellow, forever standing by my side. Come, let us visit the Sufi monasteries and sit down for some coffee, while we make our way to Mecca, Cairo, Istanbul, Egypt..The coffee trail.

     After religion and politics were put aside, we had to figure out a way to come to terms with our differences, and we did; we simply agreed that we believed in different things. Yes, I disregarded the complexity of the human condition, it was prejudicial to a solution. Imagine a world where we can be free of the voices in our head, the tantalizing voices telling us that all the problems are derived from other people. If other people behave the way we want all will be fine, “I have the right way. I am certain it would be best for everyone,”  thinks each single person. 

     A virus has a single program once infects someone: invades the cell, changes it, multiplies itself. Unless it is killed or it kills the host, will continue with its course of action without deviations.


     I know that we are not viruses, but I am sure that sometimes we behave as one without knowing, think of a kid | Part 3 | falling in love with someone and walking away from that person not knowing why for almost 35 years. So we might as well commit to one single action everyone would follow. Each religion and every religion is right, if God wants someone killed he knows how to do it himself. Our agreement is that, for the 100 years we each spend on this earth we will not hurt each other. If God decides to punish all of us when we die, so be it. God will judge us all in the end. 

     Out of all the people in the world, if the religious people are right, there will be no forgiveness for the people with no faith, the atheists. I am willing to take this chance if everyone just put their god damn guns on the ground; break some bread, some coffee. I will even drink tea if that's what it takes.


     It took me long to post this. I read it over and over again, and the only note the key on my piano played loudly and repeatedly was: 


the human condition, the human condition, the human condition


     I thought about asking God except that I don’t believe He exists; so I went to see a girl I love when I was 9 years old. I sat there for the longest time. She caught me staring: “ Eyes on the blackboard, mister.” she gestured to me and I did what she told me to do. I always listened to every word she said. Tia Zelia was enumerating the responses available to us; she wrote the number 2 on the blackboard, corresponding to the second answer. Karla Maria got my attention again. The light coming from the window, bouncing off her hair was mesmerizing. The number 2. Light. Particles. Traveling. A 9 year old child. Love.

God, how does all of this fit together?

the human condition, the human condition, the human condition


It is ludicrous to think of a simple agreement that would allow us to share this world in peace and cooperation, 

the human condition, the human condition, the human condition


It is naive to think of a simple agreement that would allow us to share this world in peace and cooperation, 

the human condition, the human condition, the human condition

     I looked at Karla again, smiling at something, and everything slowed down to flow. I thought about Newton and the time he forgot to listen to his inner child and mistook love with an ether; until a little boy came along following a beam of light, in possession only of a child's imagination and a few numbers and letters. E=mc ²

The pundits looked at his clothes, his social status, his jewish heritage, looking for a way to dismiss the imaginative simplicity of his idea. Mathematics is not dissuaded by politics, religion or the human condition; it sustains its truths and holds our material universe in place, unimpressed by the egoic monuments we create to ourselves.

     I thought of Esperanto, the most beautiful and simple idea of an universal language and yet, no one has accepted. I know precisely why. We like ourselves the way we are: we like our heritage, our culture and the way our name sounds when it's called by someone who loves and accepts us. We like our music, bread and butter, coffee, tea. We like what we like, and the only way all of this works is by accepting and sharing.

     Our name is the first note we hear from our mothers and fathers and that becomes our music. The soundtrack that codes our life programming.

     The experiences we have make us unique, and it represents the particular place we come from. You wouldn't think of building a house in California with the same materials they use in Niterói. You wouldn’t think of never hearing the italian idiom again, or french or never again seeing the majestic Arabic script on white paper; how could we ever replace any of that with Esperanto. 

     We are different. We like different things. We believe in different Gods. Or no Gods at all. Let us agree to that and share our beliefs in communion.

     While you read this, millions of doctors around the world are out there risking their lives to save our loved ones. They don’t see color, creed, or death itself. They are risking the only lives they have because their piano key plays one simple note over and over and over…

 the hippocratic oath     the hippocratic oath     the hippocratic oath

     Three words. One simple idea. One agreement. Enough to make doctors, nurses and staff risk their only existence for us. Worldwide. As my beloved Renee did.

                                                    



IN MEMORIAM: NYSNA Nurse RENEE FRENCH - click on photo to donate.

An unforgettable human being; one of the nicest person I've ever met.