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Wednesday, January 29, 2020
Friday, January 10, 2020
Mães
Eu quero ver a nascente,
de aguas cristalinas
que matam a nossa sede,
que contornam as pedras,
e saltam penhascos gigantescos.
Existe tanta coisa a fazer,
nesse mundo, nessa nossa vida,
que eu abro a janela
e olho o mundo lá fora,
e fico aqui pensando:
existe tanta coisa a fazer
enquanto eu sento aqui e faço uma criança.
Eu quero ver as pirâmides
que Deus fez, os sete mares,
mas eu tenho voce
crescendo dentro de mim;
e enquanto homens e mulheres
embarcam em aviões, trens e yachts luxuosos,
eu me sento aqui e faço uma criança:
acaricio minha barriga, imagino seus lábios,
seus dedos gordinhos, seus olhos.
Eu invejo as mulheres e seus parceiros
pelo mundo a fora,
conquistando novos fronteiras:
chefes de estado, de empresas
fazendo seus nomes nas artes.
Existe tanta coisa a fazer,
nesse mundo, nessa nossa vida,
que eu abro a janela
e olho o mundo lá fora e suspiro:
acaricio minha barriga, imagino seus lábios,
acaricio minha barriga, imagino seus lábios,
seus dedos gordinhos, seus olhos.
Wednesday, January 8, 2020
Carlos
meu filho me perguntou
o que é um poema,
e eu lhe disse.
Talvez,
embriagado pelo meu orgulho
em seu interesse
por uma arte tão bonita e importante,
eu me precipitei,
e traí milhares de anos de versos
e matei tantos poetas.
Então eu fui buscar
um conhecimento maior,
e achei tudo tão confuso.
Porque, eu me pergunto,
o poeta,
faz seus versos tão impenetráveis,
porque ele os faz tão elusivos.
Eu me senti pequeno na alma,
que meu filho esperava,
enquanto a minha ignorância
me envolvia como um manto
invisível e apertado.
Então eu o fiz, o que fazem
os que não sabem;
irritado,
eu lhe disse que estava ocupado.
Mas o meu filho cresceu,
e virou um adolescente:
inteligente, argumentativo, incapaz
de permitir ao pai, um porto seguro,
um refúgio de sua própria ignorância;
saiu em busca de suas próprias respostas.
Quando ele encontrou um poeta,
ele me ligou imediatamente:
um poema, Carlos lhe disse,
é uma caixinha de presente,
com vida dentro.
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