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Saturday, November 28, 2020

Lua Cheia

 

De vez em quando, na lua cheia, eu encontro meu lugar no mundo; como se meu GPS estivesse em procura e me encontrasse: meus paralelos precisos, coordenadas, latitude e longitude apontando para agora; e eu sinto que não há nada além de mim.

Eu me sinto como uma árvore ou uma montanha sentiria se pudesse sentir, presente em tempo, lugar e propósito. Eu me pergunto se uma árvore ou montanha se sentiria menos, se desejaria mais, se desejaria, como nós, estar em outro lugar, pra fazer o que pode fazer perfeitamente aqui.



Apesar de todas as analogias que temos para voar, é na quietude desses momentos que me encontro totalmente com os pés no chão, paradoxalmente um com a vastidão de nosso universo.

Voar é buscar a si mesmo descontroladamente, fora de si mesmo.

Um monge sentado quieto em meditação e gratidão não precisa de asas para voar mais longe do que um pássaro de qualquer espécie; nada material pode conectar a vastidão da alma a si mesmo.


O invisível não é apenas essencial, como o Pequeno Príncipe nos ensinou, mas também o único portal para nós mesmos, pois não podemos ser encontrados em outro lugar senão em nós mesmos.

De vez em quando, na lua cheia, não refletimos luz; a luz é a fonte interior, e brilha até que mais uma vez nos esquecemos de ignorar nosso lugar e tempo. Sem nossa luz interior, tudo que nos resta é nossa ascensão social.



                                                    






Elis Regina & Tom Jobim - "Aguas de Março" - 1974

 


Marisa Monte & Paulinho da Viola - " Carinhoso "

 



Friday, November 6, 2020

Now





I dream of today,
today only
and nothing more...

A whisper -
not a sound -
moving the day
and nothing more...

Half-a-thought
I shall tend to,
gratefully,
regardless of a theory forming.

Deep in my heart,
a strange feeling
pervades,
that nothing more,
is nothing more than now,
a single moment
paradoxically eternal.